Com articulação do Coletivo Empregay, a iniciativa impulsionou inclusão produtiva e deu visibilidade à diversidade no Judiciário

529Com foco na valorização da diversidade e na promoção da inclusão produtiva, o Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (AM/RR) e órgãos parceiros, em articulação com o Coletivo Empregay, realizaram a Feira de Empreendedorismo LGBTQIAPN+, integrada ao 1º Ciclo pelo Orgulho e pela Diversidade no Poder Judiciário do Estado do Amazonas. Realizada no Fórum Trabalhista de Manaus (FTM) na última sexta (18), a atividade reuniu empreendedores e ofereceu ao público uma ampla variedade de produtos, em uma celebração da criatividade, da autonomia econômica e da representatividade da comunidade na capital amazonense.

A iniciativa mobilizou empreendedores LGBTQIAPN+, mães solos, familiares e defensores dos direitos humanos, promovendo espaços acessíveis e acolhedores para comercialização e troca de experiências. Organizada pelo Comitê de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região, a feira contou com apoio institucional de órgãos como o Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas (TJAM), o Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM), o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) e a Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

O juiz do trabalho André Fernando dos Anjos Cruz, integrante do Comitê de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região, ressaltou o caráter pioneiro da Feira de Empreendedorismo LGBTQIAPN+ e defendeu que ações como essa devem se tornar permanentes no calendário institucional. Ao destacar o compromisso da Justiça do Trabalho com a inclusão e a empregabilidade, o magistrado reforçou que a iniciativa marca o início de uma agenda contínua voltada à valorização da diversidade.

“O evento foi um verdadeiro sucesso. Trata-se de uma iniciativa relevante do Poder Judiciário do Amazonas, com destaque para o Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região, que abriu suas portas de forma pioneira. Nossa intenção é que este seja apenas o primeiro de muitos eventos para a comunidade. A Justiça do Trabalho, como justiça social, deve caminhar lado a lado com a inclusão, promovendo eventos que conscientizem a sociedade sobre os direitos da população LGBTQIAPN+ e reforcem a importância da empregabilidade e do empreendedorismo. Essas pessoas também produzem, movimentam a economia e contribuem para o desenvolvimento do nosso país”, enfatiza o magistrado.

Coletivo Empregay

530Produtos e serviços foram oferecidos pelos empreendedores no Fórum Trabalhista de ManausThalyne Adrielle, fundadora e gestora do Coletivo Empregay, transformou a experiência pessoal em uma ação coletiva voltada à inclusão produtiva da população LGBTQIAPN+ em Manaus. Diante dos desafios enfrentados como empreendedora, estruturou o coletivo como resposta à ausência de ambientes acolhedores e respeitosos à identidade da comunidade. Em 2025, o Empregay alcançou a marca de dez feiras realizadas, articulando parcerias e oportunidades que resultaram em aproximadamente R$ 30 mil em vendas diretas realizadas pelos empreendedores participantes.

Durante a Feira de Empreendedorismo LGBTQIAPN+, Thalyne celebrou o reconhecimento público ao trabalho do coletivo e o avanço na valorização de iniciativas lideradas por pessoas LGBTQIAPN+. “É um marco na trajetória da Empregay. Começamos a perceber que nossos trabalhos estão sendo vistos, valorizados, e que a cidade de Manaus está entendendo a importância de falar sobre empreendedorismo”, destaca.

A empreendedora Yamilla Manicongo, mulher trans, negra e indígena, encontrou no artesanato uma forma de expressão e autonomia econômica. Dona do @manii.biojoias, a trajetória dela começou em 2024, quando participou de uma oficina promovida pela Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros do Estado do Amazonas (ASSOTRAM). Foi nesse espaço de formação e acolhimento que ela teve o primeiro contato com a produção de biojoias e percebeu o potencial de transformar a prática em um negócio. “Desde então, já se passaram dois anos dedicados ao empreendedorismo e à criação de biojoias. Graças à Empregay, tive a oportunidade de conquistar um espaço para empreender e comercializar minhas peças, que hoje representam minha principal fonte de renda”, relembra.

531Yamilla Manicongo, mulher trans, negra e indígena, apresenta suas biojoiasOutra empreendedora que esteve no TRT-11 foi Patrícia Duarte Viana, do Ateliê Duarte, um espaço de costura criativa que funciona na sua residência. Com atenção aos detalhes e técnica artesanal, ela confecciona bolsas, acessórios e itens para cabelo, que comercializa em feiras e também pela internet, por meio do perfil no Instagram @atelie_duartte. “Para mulheres que são mães, ações como essa representam uma oportunidade essencial, já que muitas não têm como trabalhar fora de casa. Com iniciativas como essa, é possível conciliar o trabalho com a maternidade”, explica.

O Coletivo Maií — Cerâmica MAII, formado por artistas ceramistas e arte educadores, também esteve presente na feira e apresentou peças autorais produzidas com técnicas artesanais e saberes ancestrais, reforçando a valorização da cerâmica como expressão artística e cultural na Amazônia. “A feira foi uma oportunidade significativa para o nosso coletivo. Surgimos a partir de estudantes da Ufam que perceberam o potencial da cerâmica na região e começamos a ocupar espaços de forma independente. Participar deste evento, por meio do convite da Empregay, fortalece nossa atuação e amplia o reconhecimento do nosso trabalho”, disse o ceramista Erúna Medeiros.

A artista visual Maria Júlia, criadora da marca @galeria.da.maju, participou pela primeira vez de uma ação institucional voltada à comercialização da arte. Ela destacou a importância de iniciativas que promovem visibilidade e incentivo à produção artística da comunidade LGBTQIA+, especialmente para quem está iniciando a trajetória empreendedora. “Acredito que é muito importante esse incentivo, para movimentar a comunidade e apoiar o trabalho de pessoas LGBT. Estou começando a empreender, vendo se consigo crescer como artista vendendo minha arte, e considero que a partir daqui vou participar de outras oportunidades de feiras”, afirma.

Importância

O presidente da Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da Caixa de Assistência dos Advogados do Amazonas (CAA/AM), advogado Marcel Moura, destacou a importância da presença do Coletivo Empregay como ação concreta de inclusão produtiva. Ele ressaltou que a iniciativa contribui diretamente para ampliar oportunidades de geração de renda para empreendedores LGBTQIA+, historicamente afetados pela vulnerabilidade no acesso ao mercado de trabalho. “É um movimento que ajuda pequenos empreendedores trazendo o seu artesanato, a sua arte ou os seus produtos aqui para expor e vender. É um movimento bastante importante, já que a comunidade LGBT é prejudicada, é vulnerável quanto à sua empregabilidade, e assim trazemos e ajudamos eles a terem uma fonte de renda.” 

A psicóloga Clara Nogueira, da Divisão de Qualidade de Vida no Trabalho da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (SEMSA), esteve presente na Feira de Empreendedorismo LGBTQIAPN+. Além de prestigiar os empreendedores e adquirir produtos na feira, Clara reforçou o papel das instituições públicas na promoção da diversidade e no enfrentamento da discriminação no ambiente profissional. “Eventos como este são fundamentais para sensibilizar e ampliar o debate sobre inclusão. A população LGBTQIA+ ainda enfrenta marginalização e silenciamento nos espaços de trabalho. Precisamos de iniciativas que promovam acolhimento e enfrentem as violências sociais e isso se faz por meio da educação, seja na escola, na saúde ou em qualquer esfera da vida”, detalha. 532Diversos produtos foram oferecidos no Fórum Trabalhista

Os servidores do TJAM Rodrigo Melo e Rafaela Corrêa, integrantes da Comissão de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio e à Discriminação, destacaram a importância da articulação interinstitucional para a realização do evento e o impacto da iniciativa na construção de uma cultura de respeito e diversidade no Judiciário.

Rodrigo, que também integra a comunidade LGBTQIAPN+, ressaltou o caráter histórico da ação. “Estar na realização de um evento como este é extremamente significativo. Trata-se de um marco na história do Judiciário no Amazonas, pois conseguimos reunir todos os tribunais e o Ministério Público em torno do debate institucional sobre diversidade. A participação conjunta reforça a criação de uma cultura de respeito e valorização da diversidade e aponta para a construção de um Judiciário mais plural e acolhedor”, disse.

Rafaela, secretária da comissão, reforçou que a união entre os órgãos foi essencial para ampliar o alcance da programação e garantir a presença da sociedade civil: “A parceria entre os tribunais foi fundamental para que o evento acontecesse. Com essa união, conseguimos mobilizar palestrantes, promotores e participantes da sociedade civil, o que seria inviável apenas com a estrutura de um único órgão. Essa articulação fortalece as bandeiras que muitas vezes ficam invisibilizadas e mostra que, juntos, podemos dar voz a pautas urgentes e necessárias”, concluiu.

Confira as fotos da Feira de Empreendedorismo LGBTQIAPN+ AQUI.

Coordenadoria de Comunicação Social
Texto: Jonathan Ferreira
Fotos: Renard Batista

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