Magistradas do TRT-11 são homenageadas por fortalecerem redes de proteção e escuta às mulheres
Com o objetivo de fortalecer as ouvidorias do Amazonas como ferramentas de transformação social, promoção da equidade de gênero e garantia de direitos, foi realizado na sexta-feira (29), em Manaus, o evento “Ouvidorias da Mulher como Instrumentos de Equidade: Celebrando Vozes e Conquistas”. A programação reuniu diversas entidades públicas e institucionais engajadas na defesa dos direitos das mulheres. A iniciativa foi promovida pelo Conselho Regional de Contabilidade do Amazonas (CRC/AM) e pela Rede de Ouvidorias do Estado do Amazonas, com apoio do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (AM/RR) e da Ouvidoria Regional do Tribunal.
A programação incluiu rodas de conversa, homenagens a mulheres de destaque em 2025 e reflexões sobre o papel das ouvidorias na promoção da equidade de gênero e na garantia de direitos. Entre as homenageadas, tiveram destaque as desembargadoras do TRT–11, Eulaide Maria Vilela Lins e Ormy da Conceição Dias Bentes, reconhecidas por suas contribuições à Justiça do Trabalho e pelo compromisso com a valorização da mulher no serviço público.
A desembargadora Ormy Bentes, primeira ouvidora da mulher do TRT-11 e atual ouvidora regional, foi homenageada por sua trajetória pioneira e pela atuação firme na defesa dos direitos das mulheres. Reconhecida como uma voz ativa na construção de redes de enfrentamento à violência doméstica, reforçou o papel do Judiciário nesse processo. “Receber esta homenagem por ter sido a primeira ouvidora da mulher do Tribunal é motivo de profunda gratidão. Mesmo não estando mais à frente da ouvidoria da mulher, sigo colaborando com entusiasmo e me sinto muito feliz por ver essa continuidade tão bem representada”, afirmou. Desembargadora Ormy Bentes, atual ouvidora regional, foi homenageada por sua trajetória pioneira em defesa das mulheres no TRT-11
Também homenageada, a desembargadora Eulaide Lins, atual ouvidora da mulher do TRT-11, reforçou a importância da atuação integrada entre instituições e sociedade civil no enfrentamento à violência contra a mulher. A magistrada ressaltou a complexidade dos fatores que envolvem esse tipo de violência e a urgência de redes de apoio que atuem de forma preventiva e transformadora.
“A violência contra a mulher, seja ela doméstica, institucional ou no ambiente de trabalho, muitas vezes chega de forma multifatorial. Por isso, é fundamental a formação de uma rede articulada, capaz de atender e prevenir essas situações. Somente por meio de uma rede integrada podemos proteger e transformar os espaços onde a mulher está inserida, promovendo ambientes mais saudáveis, seguros e acolhedores, seja em casa, seja no trabalho. Hoje também celebramos mulheres que atuam no acolhimento de vítimas de violência. E esse reconhecimento não é apenas pessoal, é uma forma de dar visibilidade ao trabalho que realizamos. Isso nos fortalece e abre portas para que possamos ampliar ainda mais essa atuação tão necessária. É muito bom ver esse movimento crescer”, enfatizou.
Desembargadora Eulaide Lins, ouvidora da mulher do TRT-11, foi homenageada por sua atuação no combate à violência contra a mulher
Relevância
A advogada Fabiana Pacífico Seabra, coordenadora da Rede de Ouvidorias do Amazonas, ouvidora adjunta da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Amazonas (OAB-AM) e presidente da Comissão de Apoio ao Advogado em Vulnerabilidade da Caixa de Assistência dos Advogados do Amazonas (CAAAM), ressaltou a relevância da articulação entre as ouvidorias e as múltiplas redes de apoio no enfrentamento à violência contra a mulher. Segundo ela, a atuação conjunta é essencial para garantir uma escuta qualificada, acolhimento efetivo e proteção às vítimas, fortalecendo os canais institucionais e sociais que compõem essa rede.
“A importância desse encontro está justamente na integração: não podemos trabalhar de forma isolada. Enfrentar a violência exige articulação entre diversas redes de apoio. Todos nós podemos ser parte dessa rede. Precisamos estar unidos, fortalecendo os mecanismos de proteção. As ouvidorias têm um papel fundamental como instrumentos de acolhimento e escuta. Recebemos demandas específicas relacionadas à mulher, como situações de violência doméstica e familiar, além de outras vulnerabilidades, como as que afetam idosos. Estar aqui é essencial para nos qualificarmos, conhecermos os instrumentos disponíveis e entendermos o que cada ponto da rede oferece. A integração entre todos é o que torna essa rede verdadeiramente eficaz.”
Rodas de conversaRodas de conversa promoveram o debate sobre os direitos das mulheres e destacaram o papel das ouvidorias
O evento contou ainda com duas rodas de conversa que aprofundaram o debate sobre os direitos das mulheres e o papel das ouvidorias como instrumentos de transformação social. A primeira, com o tema “Vozes e Conquistas”, reuniu representantes das ouvidorias do TRT-11, Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM), Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), OAB-AM e CRC-AM para discutir os desafios e avanços na promoção da equidade de gênero. Entre os pontos abordados, destacaram-se a necessidade de criação de ouvidorias com estrutura própria e respaldo legal, a escuta empática como ferramenta de acolhimento, e a importância de integrar essas iniciativas a redes de apoio efetivas, envolvendo delegacias especializadas, defensoria pública, Ministério Público e tribunais.
A desembargadora Ormy da Conceição Dias Bentes, ouvidora do TRT-11, trouxe uma reflexão contundente sobre a interiorização das ações, reforçando que o fortalecimento da rede de enfrentamento exige presença ativa nos municípios. “Precisamos levar essas iniciativas para o interior do Amazonas, onde as mulheres enfrentam vulnerabilidades ainda mais profundas e silenciosas,” disse.
Já a segunda roda de conversa do ciclo “Vozes e Conquistas”, encerrando o evento, contou com representantes da Ronda Maria da Penha, da Guarda Municipal especializada Maria da Penha, da Diretoria da Mulher do TCE-AM, com mediação da Rede de Ouvidorias do Amazonas. O diálogo enfatizou a importância de denunciar casos de violência como passo fundamental para romper ciclos de abuso e garantir proteção efetiva. Além disso, foi destacado o papel dos homens como aliados na construção de uma cultura de respeito e segurança, reforçando que a responsabilidade pela proteção das mulheres deve ser compartilhada por toda a sociedade.
Coordenadoria de Comunicação Social
Texto: Jonathan Ferreira
Fotos: Carlos Andrade/Divulgação-CRC