O Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região completa hoje, 1/06, 35 anos de história. Uma trajetória de sucesso, muito trabalho, desafios e conquistas, construída pelas mãos de todo o seu corpo funcional.
Junto com o Regional, alguns servidores, que iniciaram seus trabalhos no TRT11 desde a sua criação, também completam 35 anos de atividade. Conheça a história de alguns deles.
Felipe Jairo Novo Simas, chefe de gabinete do Desembargador David Alves de Mello Junior, é um dos servidores mais antigos do TRT11. Ele foi admitido em dezembro de 1980, através de concurso público, ainda pelo Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, tomando posse como oficial de justiça avaliador. Natural de Parintins, iniciou seu trabalho na Junta de Conciliação e Julgamento desse município e, quando da implantação do TRT11 no Amazonas, em 1981, ele fez a opção de migrar de Regional, passando então a ser servidor da 11ª Região, ainda trabalhando em Parintins. Em setembro de 86, Felipe Jairo foi convidado pelo juiz do trabalho David Alves de Mello Junior, com quem trabalhou em Parintins, para assumir a secretaria de uma vara em Manaus. Tendo aceitado o convite, passou morar na capital do Amazonas desde então, trabalhando como diretor de secretaria durante 25 anos. Ele também assumiu, por dois anos, a Secretaria Geral Judiciária, durante a presidência do desembargador José dos Santos Pereira Braga, de 2004 a 2006; e em 2008, quando o magistrado David Alves de Mello Junior foi nomeado desembargador, Felipe Jairo assumiu a chefia de gabinete do mesmo, função que desempenha até hoje.
Formado em Ciências Contábeis, ele foi o único servidor do início do TRT11 já concursado com nível superior. Como maior desafio que teve durante todos esses anos de Justiça do Trabalho, ele cita a mudança do interior pra capital do Amazonas, pois a experiência que ele tinha era uma vara pequena de interior e, quando veio pra Manaus, passou a dirigir uma vara da capital, bem maior e com um volume de processos ao qual não estava acostumado. "Vim de uma vara pequena que recebia em media 240 processos por ano pra uma vara com quase dois mil processos. Eu fui aprendendo o serviço na marra, com a ajuda dos colegas. Eu sou muito grato a eles, pois quando cheguei aqui foi um impacto muito grande, e sem a colaboração deles eu não teria conseguido", declarou.
Felipe Jairo acompanhou toda a evolução passada pelo TRT11 e relembra algumas mudanças. "Viemos da máquina de datilografia manual, vi chegar as máquinas de datilografia elétricas, e depois acompanhei a chegada dos computadores. Como uma grande revolução eu cito a extinção de vários livros, em uma das presidências do juiz Antônio Carlos Marinho Bezerra. Eram livros de registro de recurso, livro caixa, livro de inscrição de custas, e muitos deles deixaram de ser usados. Outra evolução foi a mudança na capa dos processos. Antigamente as capas eram de papelão e rasgava com muita facilidade. Tinha que remendar com fita durex para durar mais. Depois as capas passaram a ser de plástico. Lembro que os processos quando iam pro arquivo, tiravam os colchetes e eram costurados com linha grossa antes de ir pra prateleira. Depois, surgiram as caixas de arquivo, deixando tudo mais bonito e mais organizado. Surgiram também as ligas que prendem os processos com dois ou três volumes. Antes eles eram amarrados com fios, sendo fácil cair, soltar e corria o risco de perder algum volume. Antigamente, os depósitos recursais eram sacados pelo oficial de justiça. Nós recebíamos dinheiro em espécie, fazíamos o livro caixa, tínhamos cofre, etc. Era possível ainda se fazer daquela forma, pois a realidade era outra e tínhamos muito menos processos que hoje", lembra o chefe de gabinete.
Fazendo comparação com o passado, ele concorda que agora o trabalho está muito melhor e mais prático, mas também cita alguns problemas oriundos de tanta evolução. Para ele, os problemas apareceram depois: "vejo que as pessoas usam muito o computador e isso cansa a vista, que fica direto na tela. Tem também problemas nas articulações por conta do trabalho com movimentos repetitivos". Com quase 65 anos de idade e 42 anos de serviço público, Felipe Jairo, que chegou a trabalhar, voluntariamente, aos sábados para agilizar o serviço nas varas por onde passou, já pensa na aposentadoria. "Já era para eu estar aposentado, está chegando a hora, mas os colegas ainda não deixaram", brinca ele, afirmando que gosta muito de trabalhar no TRT11 e que não se arrende de nada do que fez durante a vida profissional.
Astrid Maria Cabral Maués iniciou seu trabalho no TRT11 em novembro de 81, quando tinha apenas 18 anos. Ao longo destes quase 35 anos de serviço neste Tribunal, ela vivenciou toda a evolução pelo qual a Justiça do Trabalho passou, tendo servido na Secretaria de Gestão de Pessoas, em diversas varas na capital, acompanhado a implantação da Vara de Eirunepé, passado também pela ouvidoria, gabinetes e pela presidência.
Hoje, a chefe de gabinete da Desembargadora Valdenyra Farias Thomé afirma que todo o crescimento profissional e pessoal pelo qual ela passou, aconteceu dentro do TRT11 e foi a ele dedicado. Ela trabalhou na Ouvidoria do Tribunal, assim que esta foi criada, sendo responsável por ler todas as reclamações e sugestões escritas pelos jurisdicionados, buscando solucionar o problema, e sempre dando um retorno pro reclamante, independente de ter conseguido ou não resolver a questão descrita. Neste período, conversando com as varas, com os juízes e diretores de secretaria, ela auxiliou na solução de problemas que estavam pendentes há algum tempo no Regional. "Certa vez, veio ao Tribunal um jurisdicionado com a esposa e todos os filhos me agradecer pessoalmente, porque conseguimos que o juiz desse a sentença num processo que já estava tramitando há quatro anos. Foi muito gratificante ter este retorno em forma de agradecimento e alegria dos jurisdicionados, pois eles viam a importância com que eram tratados. Eu sempre fiz questão de atender o público da melhor maneira possível, e ter este retorno foi algo muito positivo e que me marcou bastante", destacou ela.
Astrid, que sempre fez questão de chegar muito cedo no trabalho, por volta das 6h30, mantém a rotina até hoje e, neste momento, ainda não pensa em se aposentar. Ela segue também mantendo a preocupação em tratar bem o jurisdicionado e tentar amenizar ao máximo o problema dele, pois tem consciência que, para o TRT11 pode ser um processo a mais, mas para o reclamante, o processo é único e significa todo o trabalho e dedicação de uma pessoa, e ela vê o processo também dessa forma. "Eu sempre gostei do meu trabalho, e sempre o desempenhei com muito amor, seja na área administrativa ou na processual, estando nas varas ou nos gabinetes. Meu maior retorno de todos esses anos de trabalho, foi poder ver o jurisdicionado feliz", concluiu.
Pedro Ferreira de Souza, servidor da Secretaria da 1ª Turma, responsável pela elaboração das certidões de publicação de Acórdãos, começou a trabalhar no TRT11 desde a sua implantação, em dezembro de 1981, como atendente judiciário. Natural de Curari Grande, interior do Amazonas, foi contratado com 22 anos para trabalhar diretamente com o juiz Antônio Carlos Marinho Bezerra, o qual procurava alguém para trabalhar com ele que fosse simples, honesto, de confiança, e que tivesse responsabilidade. Ao que tudo indica, Pedro mesmo tendo somente o ensino fundamental na época, preencheu todos os requisitos buscados pelo magistrado, pois trabalhou mais de nove anos com ele. Após ter concluído o ensino médio e feito um concurso interno, Pedro passou a ser auxiliar judiciário e trabalhou em juntas de conciliação, depois transformadas em varas, em gabinetes, no setor de segurança, setor de recursos, setor de distribuição, entre outros. Sempre muito curioso, ele fez diversos cursos e treinamentos oferecidos pelo TRT11, se especializando no bom atendimento ao público. Trabalhou durante quatro anos no Posto do Justiça do Trabalho dentro do PAC Alvorada, prestando informações aos jurisdicionados e fazendo reclamatórias.
Pedro guarda até hoje a carteira de trabalho que consta sua contratação pelo TRT11, em 1° de dezembro de 1981, na época ainda pelo regime CLT. Na mesma carteira, tem a descrição que o transforma em servidor público: "em 12/12/1990 teve o emprego extinto e transformado em cargo público de acordo com a Lei 8.112/90". Como ponto positivo do trabalho desenvolvido por ele neste Regional, ele destaca o atendimento ao público e o trabalho direto com o jurisdicionado. "Eu sempre gostei de atender as pessoas, explicar o que devia ser feito, ajudá-las de alguma fora. E com toda a evolução tecnológica pelo qual passou o Tribunal, hoje esse contato direto com o público é bem menor. Na época dos processos físicos, uma fila enorme era formada em frente à minha sala aqui na Secretaria, e hoje quase não vem mais ninguém aqui, pois tudo pode ser acompanhado pelo computador com acesso a Internet, através do PJE", afirmou.
Após tantos anos trabalhando neste Regional, Pedro se diz arrependido por não ter conseguido cursar uma faculdade. Logo após terminar o ensino médio, ele se casou e vieram os filhos. "Na época as dificuldades eram enormes, principalmente para uma família pobre, vinda do interior. Eu comecei a estudar tarde, com 19 anos, sempre dei prioridade para trabalhar e ajudar minha família. Acredito que se tivesse feito um curso superior, hoje eu poderia ser um diretor de secretaria ou oficial de justiça e estar em melhores condições. Muitas oportunidades surgiram para eu assumir determinadas funções aqui dentro, mas como não tinha um curso superior, não foi possível assumir", lamenta ele.
Com 58 anos de idade e quase 35 anos de TRT11, ele planeja se aposentar ainda este ano e sonha com essa nova etapa da vida. "Minha pasta de documentos para a aposentadoria já está toda organizada. Entrarei com o pedido em 18 de novembro deste ano, pois já completo todos os pré-requisitos de tempo e idade exigidos. Vou ter uma nova vida e quero aproveitar para viajar com a minha esposa e curtir muito meus cinco netos", planeja.
Maria Helena Cunha de Carvalho é outra servidora que começou a trabalhar no TRT11 desde a sua implantação e que ainda está ativa. Responsável pela catalogação das correspondências para os Correios, Leninha, como é conhecida, foi admitida em novembro de 81, na época com 22 anos e recém formada no Ensino Médio, começou trabalhando na 2ª Junta de Conciliação, com processo na fase inicial. Depois, foi transferida para o setor de Distribuição, no qual ficou durante 20 anos e, posteriormente, foi lotada na Seção de Protocolo, onde permanece até hoje.
Ela afirma que o TRT11 foi totalmente responsável pelo seu crescimento profissional, pois ela teve oportunidade de participar de alguns cursos ao longo destes quase 35 anos trabalhando no Tribunal. Atualmente com 58 anos, ela tem tempo de contribuição e idade para se aposentar e já pensa na aposentadoria, mas acha que ainda vai trabalhar pelo menos mais dois anos antes de parar. Ela destaca as amizades que fez no TRT11 como um dos pontos mais positivos de todo esse tempo no Regional. "Eu fiz muitas amizades aqui no Tribunal. Se eu pudesse voltar no tempo e escolher fazer outra coisa, faria tudo exatamente igual, pois gosto de trabalhar aqui e sei que evoluí muito aqui dentro. Quando eu comecei a trabalhar, eu não sabia fazer nada. Hoje eu sei muito bem o que eu faço e desempenho minha tarefa com exatidão", afirmou ela.
Leninha lembra que, quando o TRT funcionava na Djalma Batista, por conta de movimentos repetitivos no trabalho, ela teve um problema nos dois cotovelos e ficou um tempo sem poder movimentar os braços direito. E, mesmo com parte dos braços imobilizados durante quase três meses, ela continuou trabalhando normalmente. É mais uma história de amor e dedicação ao trabalho no TRT11.
Confira a Galeria de imagens.
Carteira de Trabalho, 1o contra cheque e comprovante de inscrição no concurso interno do TRT11, documentos guardados com muito carinho pelo servidor Pedro Ferreira de Souza