Comunidade ribeirinha recebe representantes da Justiça do Trabalho e compartilha sua trajetória de transformação social e ambiental

884Após três horas de navegação pelo Rio Negro, partindo do Píer Manaus 355, autoridades da Justiça do Trabalho desembarcaram, na última sexta (7/11), na Comunidade Tumbira, localizada a cerca de 60 quilômetros da capital amazonense, dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro. A visita integrou a programação do 10º Encontro Nacional de Sustentabilidade da Justiça do Trabalho, promovido pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) e pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), em parceria com o Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (AM/RR). O encontro reuniu representantes de diversos tribunais regionais com o objetivo de conhecer, de forma imersiva, um modelo de desenvolvimento sustentável baseado em ecoturismo, educação, inclusão digital e preservação ambiental.

Durante a programação, foi lançado o Programa de Capacitação do Laboratório Itinerante, que contará com uma agenda anual de cursos voltados à formação comunitária. Como parte da iniciativa, foram doados 10 notebooks pelo TRT-11 para equipar o laboratório da comunidade. Também foi realizada uma ação educativa de saúde bucal e o plantio de 93 mudas nativas do bioma amazônico, escolhidas pela própria comunidade para compor um sistema agroflorestal. A atividade compensou 29,32 toneladas de CO₂, superando o impacto estimado do evento, calculado em 19,14 toneladas, com base no Inventário de Gases de Efeito Estufa (GEE).886O percurso até a Comunidade Tumbira, partindo de Manaus, levou cerca de três horas

Desde 2008, com a criação da RDS do Rio Negro, a Comunidade Tumbira, que pertence ao município de Iranduba e abriga cerca de 140 famílias, vivencia uma transformação social e ambiental contínua. A implantação da unidade de conservação trouxe acesso à educação, saúde e novas oportunidades de trabalho. Com o apoio da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), a economia local passou da extração madeireira para atividades sustentáveis como ecoturismo, agricultura familiar, pesca artesanal e bioeconomia, consolidando um novo modelo de geração de renda baseado na valorização da floresta em pé.

O presidente do TRT-11, desembargador Jorge Alvaro Marques Guedes, ressaltou a relevância simbólica e prática da imersão na Comunidade Tumbira, destacando o exemplo de um modelo de vida sustentável construído no coração da Amazônia. “É um orgulho ver uma comunidade tão impregnada pela natureza e evidenciada em termos de sustentabilidade. Tumbira precisa ser levada na mente e no coração de cada um de nós, para que possamos espalhar pelo Brasil o que esta comunidade representa. Que todos possam falar dela como exemplo a ser seguido”, enfatizou.

887Ação contou com o plantio de 93 mudas nativas do bioma amazônicoJá o juiz auxiliar da presidência do CSJT, Otávio Bruno da Silva Ferreira, que representou o TST durante o encontro, reforçou o compromisso da Justiça do Trabalho com a valorização das comunidades tradicionais e a promoção de práticas sustentáveis. “Sou da Amazônia, e é uma honra estar entre os povos da floresta, comunidades que ensinam, que sabem conviver com a natureza e que merecem ser ouvidas. A proposta desta imersão é justamente essa: ouvir, aprender e compreender de que forma a comunidade de Tumbira constrói o desenvolvimento sustentável, para que possamos levar essas experiências e aplicá-las na prática, no cotidiano de nossas instituições e territórios.” 888TRT-11 inaugura o Programa de Capacitação do Laboratório Itinerante com a doação de 10 notebooks, fortalecendo a inclusão digital e a formação profissional

Turismo e renda

A Comunidade Tumbira desenvolve atividades de ecoturismo e artesanato como estratégias de geração de renda para os moradores, valorizando os recursos naturais e culturais da região. Entre os principais atrativos está a trilha na floresta, que proporciona uma experiência profunda de imersão na paisagem amazônica. Os visitantes têm a oportunidade de observar a fauna e a flora locais, conhecer árvores nativas de grande porte, como a imponente sumaúma, e vivenciar o modo de vida comunitário em harmonia com a natureza. 

Durante a visita, os representantes da Justiça do Trabalho participaram da trilha ecológica e vivenciaram a conexão com a floresta e com os saberes tradicionais compartilhados pelos moradores. Sentiram o calor da natureza viva, escutaram os sons da mata e participaram de uma saudação simbólica à floresta, conduzida pelo líder social Roberto Brito de Mendonça, empreendedor de turismo e responsável pelas trilhas. Para ele, mais do que um passeio, o percurso representa um convite à escuta, à valorização da cultura local e à força coletiva que sustenta a comunidade.885Representantes da Justiça do Trabalho conhecem a trilha e a árvore sumaúma

“Durante a trilha, fazemos uma saudação à floresta, conectando a batida do nosso coração ao som das sapopemas, raízes da gigante sumaúma. Vocês [representantes da Justiça do Trabalho] estão na Amazônia, e isso é muito significativo. O verdadeiro desenvolvimento nasce desse entendimento. Aqui, todos são doutores, mesmo sem diploma. Nosso vocabulário é popular, mas nosso conhecimento é profundo. Hoje estou aqui com uma visão coletiva, somando o conhecimento de vocês com o nosso.” 

Transformação da comunidade

891Comunidade Tumbira fica localizada a cerca de 60 quilômetros da capital amazonenseAo longo dos anos, a economia local migrou da extração madeireira para atividades sustentáveis, promovendo geração de renda com base na valorização da floresta em pé. Como comunidade ribeirinha, Tumbira investe em iniciativas voltadas à educação, saúde, tecnologia e bem-estar social, fortalecendo a permanência das famílias no território e ampliando oportunidades para as novas gerações.

A transformação da Comunidade Tumbira se entrelaça com a trajetória de vida do líder social Roberto de Mendonça, que compartilhou a história durante a recepção aos representantes da Justiça do Trabalho. Ex-madeireiro, Roberto começou a derrubar árvores aos 12 anos, assim como fizeram o pai e o avô, e por 26 anos teve acesso apenas a esse modelo de sobrevivência. Hoje, empreendedor, é um dos principais defensores da floresta em pé e do turismo de base comunitária, símbolo da mudança vivida pela comunidade.

“Graças a Deus, houve mudanças, principalmente com a chegada de oportunidades. Hoje, temos várias iniciativas dando certo, tanto para as pessoas locais quanto para o meio ambiente. Meu maior orgulho é ver crianças com 12 anos que nunca precisaram derrubar uma árvore para sobreviver. Estão com caneta na mão, estudando, com acesso ao básico: educação, saúde, tecnologia, bem-estar social. A floresta representa, para mim, esperança de desenvolvimento”, destacou.892Moradores da Comunidade Tumbira, no Amazonas, conciliam a preservação ambiental com práticas de economia sustentável

Já o líder da Comunidade Tumbira, William Soares, conhecido como “Baixinho”, destacou o papel das parcerias institucionais no fortalecimento do desenvolvimento local e na ampliação do acesso a direitos básicos. Ele ressaltou a importância do Modelo Integrado de Educação para o Desenvolvimento Sustentável (MIEDIS), implementado por meio do Núcleo de Inovação e Educação da FAS, como ferramenta essencial para a formação de crianças e adolescentes. “A educação transformou nossa realidade. Antes, só tínhamos ensino até a quarta série. Hoje, nossos jovens concluem o ensino médio, acessam tecnologia e até fazem faculdade a distância. Esse avanço também se reflete na valorização dos saberes locais, com iniciativas como o alfabetário cultural e a formação de professores, que integram o ensino formal à nossa cultura e fortalecem o aprendizado.” 890Representantes da comunidade apresentam ações de preservação ambiental realizadas no local

A gestora do Núcleo de Inovação e Educação para o Desenvolvimento Sustentável da FAS, Alberta Pacheco, apresentou as ações voltadas à saúde desenvolvidas na Comunidade Tumbira e nas demais comunidades da RDS do Rio Negro, onde vivem cerca de 580 famílias. Ela ressaltou que os avanços na área da saúde são fruto da atuação conjunta entre diferentes esferas. “A estrutura de saúde da comunidade só funciona graças à parceria entre fundação, estado, município e comunidade. Temos atendimento odontológico semanal, vacinação mensal, ambulancha para casos graves e o TeleSaúde para situações simples. Não é que a fundação substitui o papel do estado ou da prefeitura; é um complemento. Todos de mãos dadas para fazer isso acontecer.”

Desafios

Apesar dos avanços, os desafios ainda são muitos na comunidade. Segundo os líderes da comunidade, a ausência de políticas públicas mais ágeis e estruturantes limita o alcance de diversas ações, como o abastecimento de água, que depende exclusivamente de iniciativas locais e recursos próprios. A falta de Código de Endereçamento Postal (CEP), por exemplo, impede o recebimento de correspondências e dificulta o acesso a serviços básicos e ao reconhecimento jurídico para os empreendedores. Além disso, infraestruturas essenciais, como escadas e poços, foram construídas com esforço da própria comunidade, sem apoio governamental.

Saúde bucal

893A dentista PhD Ângela Garrido, do TRT-11, liderou uma ação de saúde bucal voltada aos moradores da comunidadeTambém durante o evento, a dentista PhD Angela Garrido, lotada na Coordenadoria de Saúde (Codsau) do TRT-11, protagonizou uma ação de saúde bucal voltada aos moradores da comunidade. Com criatividade e sensibilidade, improvisou um escovódromo com espelho, inspirado no modelo da sede do Tribunal em Manaus, e conduziu atividades práticas com adultos e crianças, ensinando técnicas corretas de escovação e uso do fio dental. Todas as crianças e pré-adolescentes receberam aplicação de flúor, reforçando o cuidado preventivo e a promoção da saúde.894Ação promoveu atividades práticas com adultos e crianças, ensinando escovação adequada e uso correto do fio dental

A ação teve grande impacto, especialmente diante das dificuldades de acesso a serviços odontológicos na região. “Mesmo com recursos limitados, é possível fazer uma grande diferença na vida das pessoas. Compartilhar conhecimento é um privilégio, e democratizar o acesso à saúde é essencial para promover igualdade e justiça social”, afirmou Angela Garrido.

Confira fotos da ação AQUI.

Coordenadoria de Comunicação Social
Texto: Jonathan Ferreira
Fotos: Carlos Andrade e Divulgação

Durante o mês de novembro, série especial de reportagens da Justiça do Trabalho abordará diferentes impactos das transformações do clima e a atuação do TST e dos TRTs diante dos novos cenários

882Nos próximos dias, Belém (PA) sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). Em sintonia com a agenda global, a Justiça do Trabalho lança a série especial “Trabalho e Clima - Justiça do Trabalho e COP30”, que busca aproximar o debate sobre sustentabilidade da realidade brasileira, discutindo os efeitos da crise ambiental sobre o mundo do trabalho e o papel do Judiciário Trabalhista na promoção de uma transição ecológica justa.

A proposta é mostrar como o meio ambiente, a economia e as condições de trabalho estão interligados e como a garantia de trabalho decente é parte essencial de qualquer estratégia de desenvolvimento sustentável. Essa relação fica evidente diante dos impactos já observados no universo laboral. Segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, entre 2012 e 2024, o Brasil registrou:

 

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O aumento das temperaturas e a intensificação de eventos climáticos extremos tendem a agravar esse cenário, ampliando riscos à saúde e à segurança de milhões de trabalhadoras e trabalhadores expostos ao calor excessivo, às enchentes, à seca e à contaminação ambiental.

Neste sentido, um relatório conjunto recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Meteorológica Mundial (OMM) alerta que o estresse térmico ocupacional já afeta bilhões de pessoas em todo o mundo, sobretudo em setores como agricultura, construção e pesca. Além disso, a OMM confirmou que 2024 foi o ano mais quente da história, com temperaturas acima de 40°C (e até de 50°C) se tornando cada vez mais frequentes.

O documento da OMS e da OMM aponta ainda que a produtividade pode cair de 2% a 3% para cada grau acima de 20°C e que metade da população mundial sofre as consequências das altas temperaturas. Os riscos à saúde incluem insolação, desidratação, disfunção renal e distúrbios neurológicos, afetando a renda, a segurança e a qualidade de vida.

Impactos do clima sobre o trabalho

Para a juíza Graça Maria Borges de Freitas, titular da 43ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte (MG), a crise climática impõe desafios inéditos às relações laborais. “A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 70% dos trabalhadores do mundo serão afetados por eventos e fatores decorrentes do câmbio climático. Isso exige novas medidas de proteção, especialmente para quem trabalha ao ar livre, sob altas temperaturas ou em condições insalubres”, afirma.

Entre os principais efeitos apontados pela magistrada estão o calor extremo, a radiação solar intensa, a contaminação do ar, o aumento de enfermidades transmitidas por vetores e a exposição a agrotóxicos. Além disso, os desastres ambientais podem provocar migrações forçadas e perdas econômicas significativas em setores dependentes da estabilidade climática, como a agricultura e a construção civil. “A água é essencial para 78% das atividades humanas, e o câmbio climático afeta diretamente o ciclo da água. Isso tem um impacto enorme na economia e no emprego”, observa.

A desigualdade também é um componente central dessa crise. Para a juíza, os efeitos ambientais tendem a aprofundar o chamado racismo ambiental, atingindo com mais força as populações pobres e periféricas. “Os mais ricos consomem os recursos do planeta em poucos dias, mas os efeitos recaem sobre quem vive em áreas com menor infraestrutura e mais vulneráveis a desastres. É fundamental que a transição ecológica recrie espaços com dignidade e proteja as populações vulneráveis, como idosos, pessoas com deficiência e crianças”, ressalta.

Justiça do Trabalho e transição justa

Diante desse cenário, a juíza destaca três eixos de atuação prioritária para a Justiça do Trabalho. O primeiro é preparar-se para agir rapidamente em situações de desastre climático, garantindo proteção aos trabalhadores e segurança jurídica às empresas. “Em vários países já existem protocolos judiciais para atuação emergencial em casos de desastres. É importante que o Poder Judiciário brasileiro também esteja articulado com órgãos públicos e defesas civis para agir prontamente nessas situações”, defende.

O segundo eixo é reverberar as recomendações da OIT, especialmente o conceito de transição justa, segundo o qual só há verdadeira sustentabilidade quando há também emprego decente. “No conceito da OIT, não existe transição ecológica sem trabalho digno. É preocupante observar o esvaziamento desse conceito justamente no momento em que o planeta mais precisa da voz do trabalhador”, alerta.

O terceiro ponto, segundo a juíza, é o exemplo institucional. “O TST e todos os Tribunais já vêm avançando em suas próprias transições verdes, e isso é fundamental. O Poder Judiciário pode e deve ser um espaço educativo para promover boas práticas.”

 

Amazônia, COP30 e protagonismo local

Nesse movimento, o Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT-8), no Pará, vem atuando de maneira integrada à pauta da COP30. O tribunal estruturou sua participação em quatro eixos temáticos: Justiça Climática e Povos Originários; Migração, Trabalho e Vulnerabilidade Climática; Empregabilidade, Diversidade e Sustentabilidade; e Formação e Sensibilização. A intenção é conectar ações de inclusão, educação ambiental, combate ao trabalho degradante e promoção do trabalho decente na Amazônia. Entre as iniciativas estão:

  • Exibição de documentário inédito sobre uma aldeia indígena amazônica impactada pelo aquecimento global;
  • Fortalecimento da Justiça Itinerante, que leva a estrutura da Justiça do Trabalho a comunidades distantes;
  • Formação e inclusão de jovens, quilombolas, indígenas, ribeirinhos e pessoas LGBTQIA+ no mercado de trabalho;
  • Curso “Perspectiva Climática Trabalhista”, voltado à capacitação de magistrados e servidores.

Para a presidente do TRT-8, desembargadora Sulamir Monassa, a contribuição da Justiça do Trabalho é essencial para equilibrar desenvolvimento e preservação. “Nossa missão vai além da resolução de conflitos. Ela envolve promover uma cultura de respeito aos direitos humanos, à dignidade do trabalhador e à preservação ambiental”, afirma. “A Amazônia é um território de riqueza incomparável, mas também de vulnerabilidades profundas. É possível conciliar crescimento econômico com justiça social e responsabilidade ambiental, e a Justiça do Trabalho está preparada para liderar esse processo.”

O desembargador Paulo Isan, do TRT-8, reforça que a COP30 representa uma oportunidade histórica para consolidar ações concretas de adaptação e mitigação dos efeitos da crise climática sobre o trabalho:


Até o fim de novembro, a série “Trabalho e Clima - Justiça do Trabalho e COP30” abordará os efeitos das mudanças climáticas sobre a atuação da Justiça Trabalhista, casos que mostram como danos ambientais resultantes da ação humana têm repercutido em processos trabalhistas e a atuação institucional do TST e dos TRTs a fim de mitigar os impactos ambientais de suas atividades.

Acompanhe no site do TST, do CSJT e dos Tribunais Regionais do Trabalho.


Fonte: Silvia Carneiro/TST, com colaboração do TRT-3/MG e do TRT-8/PA 

As atividades foram realizadas no período da tarde em continuidade à programação do primeiro dia do encontro

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Dando seguimento às atividades do 10º Encontro Nacional de Sustentabilidade da Justiça do Trabalho, magistrados e servidores da Justiça do Trabalho se reuniram, na tarde da quinta-feira (6/11), para conhecer boas práticas já desenvolvidas nos Regionais e participar de oficinas temáticas. Com o tema “Transição justa e mudanças climáticas”,o evento é promovido pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) e pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) e sediado em Manaus pelo Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (AM/RR).

Duas boas práticas foram apresentadas: o projeto “Justiça Verde”, do TRT-11, pelo juiz Sandro Nahmias Melo, e o Plano de Logística Sustentável do TRT-2 (SP), exposto pela servidora Fernanda Martins. Na sequência, ocorreu a conferência “Amazônia e a Mudança Climática”, ministrada pelo pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Philip Martin Fearnside. Finalizando o primeiro dia do encontro, foram realizadas oficinas temáticas conduzidas por servidores do TRT-13, sobre mercado de carbono e reciclagem com inclusão social.

 

 

Projeto Justiça Verde

876Idealizado pelo juiz do trabalho Sandro Nahmias Melo, coordenador do Comitê de Sustentabilidade do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (AM/RR), o Projeto Justiça Verde, desenvolvido no âmbito do TRT-11, representa um compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade socioambiental. A iniciativa busca, de forma inédita, compensar as emissões de carbono geradas pelas atividades e pela movimentação processual da Justiça do Trabalho, promovendo uma atuação mais consciente e sustentável.

Segundo o magistrado, o projeto tem um viés não só sustentável, mas também socioambiental. “O projeto Justiça Verde busca compensar os impactos ambientais causados pela tramitação dos processos judiciais, unindo responsabilidade ambiental e compromisso social”. Ele explicou que a iniciativa convida, de forma voluntária e colaborativa, empresas que tiveram seus processos julgados no TRT-11 a custearem o plantio de árvores em áreas públicas, com acompanhamento do crescimento das mudas.

Na primeira ação do Projeto Justiça Verde realizada em julho/2025, em Presidente Figueiredo, no interior do Amazonas, a meta previa o plantio de 500 mudas nativas da Amazônia, sendo 100 no dia do evento, as demais seriam plantadas gradualmente nas semanas seguintes. O volume almejado seria suficiente para compensar todas as emissões da Vara do Trabalho de Presidente Figueiredo nos últimos cinco anos.

A iniciativa reuniu estudantes, representantes do Judiciário, empresas e moradores para o plantio das primeiras 100 mudas nativas da Amazônia, e ocorreu nas imediações do conjunto habitacional “Minha Casa, Minha Vida”, marcando o início de um movimento voltado à educação ambiental e ao engajamento comunitário.

Ao final da exposição do juiz Sandro Nahmias foram apresentados dois vídeos relativos às ações já desenvolvidas pelo Projeto Justiça Verde no TRT-11, com destaque para o plantio de árvores nativas como forma de compensação das emissões de carbono e voltadas à conscientização ambiental.

Plano de Logística Sustentável

877Na sequência, foi apresentado o painel de boas práticas de logística sustentável pela servidora Fernanda Martins, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP). Ela abordou as contratações públicas sustentáveis. A boa prática recebeu o prêmio Justiça do Trabalho Sustentável, dimensão econômica, no Encontro de Sustentabilidade realizado em Belém em 2023.

Segundo a servidora, os administradores públicos têm uma importante ferramenta a seu dispor. “Nós, integrantes da administração públicas, temos uma importante ferramenta em mãos para promover a preservação ambiental, a inclusão social, e contribuir que as nossas florestas permaneçam em pé. Quando a administração compra uma mesa em madeira e exige a certificação florestal válida, está garantindo que aquela mesa não venha de área de desmatamento ilegal e, portanto, está contribuindo efetivamente para a preservação ambiental”, afirmou.

O Plano de Logística Sustentável (PLS) foi criado para nortear o TRT-2 em relação a práticas e ações de sustentabilidade, no âmbito da contratação e serviços sustentáveis. A inovação foi a inserção do PLS como instrumento de governança das contratações de bens e de serviços no âmbito desse Regional. A partir dele foi possível integrar o Plano de Responsabilidade Socioambiental às contratações públicas no TRT-2. A iniciativa é alinhada a agenda 2030 da ONU e contribui para uma Justiça do Trabalho atenta às questões socioambientais.

Conferência

878Ministrada pelo pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Philip Martin Fearnside, a conferência com o tema “Amazônia e a Mudança Climática”, destacou os desafios da região diante do desmatamento e da transição energética. Para os presentes, o pesquisador destacou o papel da Amazônia no equilíbrio climático do planeta. “A Amazônia desempenha um papel essencial no equilíbrio climático do planeta, mas também é uma das maiores vítimas das mudanças climáticas. A floresta sofre os impactos do aumento das emissões de gases de efeito estufa, que contribuem para o aquecimento global e ameaçam sua própria sobrevivência”.

Ele também alertou para os efeitos causados com a mudança climática na Amazônia. “Atualmente, estamos perigosamente próximos de diversos pontos de não retorno — limites a partir dos quais a floresta pode entrar em colapso irreversível. Caso isso aconteça, a Amazônia deixaria de absorver carbono e passaria a emitir grandes quantidades de gases de efeito estufa, intensificando ainda mais o aquecimento global. Esse processo criaria um ciclo descontrolado: temperaturas mais altas provocariam mais incêndios, que por sua vez aumentariam o calor e destruiriam ainda mais a floresta”. Confira mais informações sobre a pesquisa desenvolvida pelo Inpa: gov.br/inpa/agroeco

Finalizando o primeiro dia do 10º Encontro, foram realizadas duas oficinas temáticas conduzidas pelo TRT-13 (PB): uma sobre protocolo de gases de efeito estufa e mercado de carbono, ministrada pelo servidor Jackson Bertamoni de Lima, e outra sobre pagamento de catadores e inovação na reciclagem, ministrada pelo servidor Max Frederico.

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Confira a galeria de imagens.

O primeiro dia do 10º Encontro Nacional de Sustentabilidade da Justiça do Trabalho foi transmitido ao vivo pelo canal do TRT-11 no YouTube. Acesse: 

 

Coordenadoria de Comunicação Social
Texto: Mônica Armond de Melo
Fotos: Roumen Koynov

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Na manhã desta quinta-feira (6/11), a Justiça do Trabalho deu início, em Manaus, ao 10º Encontro Nacional de Sustentabilidade, que neste ano tem como tema “Transição justa e mudanças climáticas”. Promovido pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) e pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), o evento é sediado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (AM/RR) e reúne representantes dos 24 TRTs, magistrados, servidores e pesquisadores para discutir os desafios climáticos e sociais sob a ótica da justiça e da sustentabilidade.

Em seu discurso de abertura, o presidente do TRT-11, desembargador Jorge Alvaro Marques Guedes, destacou a relevância de debater a sustentabilidade no coração da Amazônia. “É impossível falar de sustentabilidade sem pensar na Amazônia. Ao escolher este local, a Justiça do Trabalho envia uma mensagem clara: é preciso olhar para o território, ouvir as vozes dos seus povos, compreender seus desafios e agir de forma integrada. Sustentabilidade não se constrói de gabinetes fechados, mas no diálogo com a realidade, com as pessoas e com o meio ambiente que nos sustenta”, afirmou o magistrado.

 

Justiça sustentável

Representando o TST no evento, o juiz Otávio Bruno Ferreira, auxiliar do CSJT, ressaltou o compromisso institucional da Justiça do Trabalho com a Agenda 2030 e a proteção dos direitos humanos e trabalhistas frente às transformações ambientais. “Falar de sustentabilidade é falar de Justiça Social, de um território que tenha equilíbrio entre economia e justiça. O nosso trabalho pensa na pessoa, no trabalhador, nas mudanças climáticas, e como isso vem afetando a região amazônica em especial”.

Ele também falou sobre transição justa, que requer uma análise de como é possível trabalhar com recursos e mudanças climáticas, que envolve a mudança de rios, das florestas, e afeta diretamente a população vulnerável. “A sustentabilidade, a Amazônia e a Justiça do Trabalho estão diretamente alinhadas e relacionadas com a ideia de que devemos pensar em estratégias de como assegurar uma sustentabilidade tanto no âmbito interno quanto e, especialmente, para o âmbito externo. De que forma a justiça pode contribuir para que a população vulnerável possa ter acesso a recursos, a direitos, a uma cidadania plena”, reforçou.

872O presidente do TRT-11, desembargador Jorge Alvaro Guedes, na abertura do evento.

874O juiz auxiliar da Presidência do CSJT, Otávio Bruno Ferreira, representou a Presidência do TST.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Impactos

871O conselheiro do CNJ, juiz Guilherme Feliciano, proferiu a conferência de abertura. A conferência de abertura foi conduzida pelo conselheiro do CNJ, juiz do Trabalho Guilherme Feliciano, do TRT-15 (Campinas), que abordou os impactos das mudanças climáticas sobre o mundo do trabalho e o papel do Poder Judiciário na promoção de políticas públicas sustentáveis. Ele falou da urgência da crise climática e da responsabilidade do sistema de Justiça na construção de soluções sustentáveis. Para ele, o conceito de transição justa precisa ser adaptado às realidades locais. “Transição justa é um conceito que deve se adaptar às circunstâncias de cada comunidade e às necessidades de cada grupo social”, defende.

Representando o CNJ no evento, o desembargador Guilherme Feliciano também tratou sobre o papel dos tribunais na agenda climática, destacando a Resolução CNJ nº 594, que institui o programa Carbono Zero para o Poder Judiciário. Ele reconheceu os desafios enfrentados pelos tribunais na elaboração dos planos de descarbonização e inventários de emissões, mas reafirmou o compromisso institucional. “A retórica impressiona e chama atenção, mas o que arrasta é a ação, e os tribunais estão agindo”, reforçou o magistrado.

 

 

 

Painel

Na sequência, o primeiro painel do dia, mediado pela juíza Carla Nobre, tratou da “Transição Justa e Mudanças Climáticas”, com exposições de Yaci Baré, coordenadora de projetos do Instituto Witoto, e Phelippe Daou Junior, diretor executivo do Grupo Rede Amazônica e idealizador do projeto Amazônia Que Eu Quero. As falas destacaram a importância de valorizar saberes tradicionais, inovação e comunicação como instrumentos de transformação sustentável.
“Para nós, povos originários, é muito importante estarmos aqui e trabalhar em coletividade, junto aos órgãos públicos e também nas universidades. É essencial que mais indígenas ocupem esses espaços de debate”, afirmou Yaci Baré, liderança indígena e representante do Instituto Witoto. Ela compartilhou reflexões sobre a valorização dos saberes tradicionais, destacando que a coletividade é essencial para transformar realidades e ampliar o alcance dos saberes indígenas em territórios urbanos.

Yaci descreveu ações voltadas à sustentabilidade, ao manejo da floresta e à transmissão dos saberes dos mais velhos para as crianças e jovens: “Mesmo os jovens que não nasceram em comunidades tradicionais aprendem a viver em equilíbrio com a natureza”. Ela trouxe perspectiva dos povos tradicionais de forma individualizada, a partir do trabalho realizado pelo Instituto Witoto em comunidades indígenas. Segundo ela, esse trabalho busca integrar os saberes ancestrais aos territórios que historicamente pertencem aos povos indígenas, mas que ainda enfrentam limitações de reconhecimento e acesso.

Phelippe Daou Jr., CEO do Grupo Rede Amazônica, enfatizou a importância de discutir sustentabilidade em todos os segmentos da sociedade, especialmente no contexto da Justiça do Trabalho. Para ele, essa abordagem torna o tema mais acessível e transformador, considerando que o Judiciário trabalhista lida diretamente com pessoas e direitos. “Você tem a capacidade, a partir da Justiça do Trabalho, de levar isso de maneira didática. Isso ajuda muito, primeiro na conscientização, depois na transformação”. Phelippe Jr. também apresentou a plataforma “A Amazônia Que Eu Quero”, criada durante a pandemia para refletir sobre os desafios históricos da região. Ele explicou que a iniciativa busca informar a população sobre o papel dos representantes políticos e consolidar demandas sociais que são levadas anualmente a governantes e formadores de opinião. “É um trabalho feito com a sociedade. Nós colhemos informações da sociedade e levamos para aqueles que podem decidir a favor dela”.

873Painel “Transição Justa e Mudanças Climáticas”, com a liderança indígena Yaci Baré; a juíza auxiliar da presidência do TRT-11, Carla Nobre; e o CEO do Grupo Rede Amazonica, Phelippe Jr.

 

Participação dos 24 TRTs

Apesar de estar na 10a edição, é a primeira vez que o evento está sendo realizado na Região Norte, e conta com a presença de representantes dos 24 Tribunais do Trabalho. A desembargadora Selma Lúcia Lopes Leão, do TRT da 8ª Região (PA/AP), destacou a relevância do encontro como um espaço essencial para promover a conscientização social. “O tema da sustentabilidade é uma exigência da modernidade para a sociedade em geral. É necessário para que se melhore a qualidade de vida, para que não haja desperdício, para que não haja poluição”, afirmou. Ela reforçou que essa responsabilidade não cabe apenas ao poder público, mas também a cada cidadão e cidadã.

Ao destacar o papel da Justiça do Trabalho na promoção de uma transição justa e sustentável, o presidente do TRT-14 (RO/AC), desembargador Ilson Alves Pequeno Júnior, reforçou o compromisso da instituição com a agenda climática e social. “A Justiça do Trabalho da Região Norte tem o compromisso de integrar o debate sobre sustentabilidade às práticas judiciais, reconhecendo que a justiça social visa à promoção de um meio ambiente sadio e equilibrado. É com esse espírito que o TRT-14 se soma aos esforços nacionais por uma transição justa e responsável”, destacou o desembargador.

Mesa de honra

A mesa de honra de abertura do evento foi composta pelo presidente do TRT-11 e conselheiro do CSJT, desembargador Jorge Alvaro Marques Guedes; pelo juiz auxiliar da Presidência do CSJT, Otávio Bruno da Silva Ferreira, representando a Presidência do TST; pelo conselheiro do CNJ e desembargador do TRT da 15ª Região (Campinas), Guilherme Guimarães Feliciano; pelo corregedor regional do TRT-11, desembargador Alberto Bezerra de Melo; pela procuradora do Trabalho Raquel Betty de Castro Pimenta (MPT-11); pelo juiz do Trabalho Sandro Nahmias Melo, coordenador do Comitê de Sustentabilidade do TRT-11 e vice-presidente da Amatra XI; pela juíza auxiliar da Presidência do TRT-11 Carla Priscilla Silva Nobre, coordenadora do Laboratório de Inovação, Inteligência e ODS (Liods); e pela advogada Alice Siqueira, secretária adjunta da OAB/AM.

O primeiro dia do encontro foi transmitido ao vivo pelo canal do TRT-11 no YouTube. Acesse aqui:

Confira a galeria de imagens.

Coordenadoria de Comunicação Social
Texto: Martha Arruda e Jonathan Bernardo
Fotos: Roumen Koynov

 

Encontro busca ouvir a população dos municípios de Lábrea, Boca do Acre, Canutama, Pauini e Tapauá, no interior do Amazonas

869Uma audiência pública será realizada nesta segunda-feira (10/11), às 15h, no auditório da Escola Estadual Santo Agostinho, no Centro de Lábrea (atrás da Igreja Matriz), para discutir a proposta de transferência da sede da Vara do Trabalho de Lábrea, vinculada ao Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (AM/RR), para o município de Rorainópolis, no interior de Roraima. A participação é gratuita e não requer inscrição prévia.

O objetivo da audiência é ouvir a população diretamente impactada pela proposta, incluindo moradores de Lábrea, Boca do Acre, Canutama, Pauini e Tapauá, que integram a jurisdição da Vara do Trabalho. O encontro também garantirá acesso à informação e abrirá espaço para que a comunidade e entidades locais possam tirar dúvidas e manifestar suas opiniões, promovendo um diálogo institucional amplo e participativo.

O corregedor regional do TRT-11, desembargador Alberto Bezerra de Melo, explicou a iniciativa, justificando a otimização dos recursos financeiros, a fim de melhor atender à população: “Após verificar a evolução histórica da movimentação processual da Vara do Trabalho de Lábrea ao longo dos últimos cinco anos, a gestão anterior da Corregedoria Regional do TRT-11 levantou questionamento sobre a viabilidade da transferência da estrutura da referida vara para o Rorainópolis, vislumbrando que nesse município e nas localidades vizinhas haveria maior demanda, e por consequência, melhor uso recursos”.

“Diante da seriedade da proposta e seus relevantes impactos, a administração do TRT-11 entendeu como boa medida a realização de Audiência Pública, ensejando à população de Lábrea um espaço para manifestar-se sobre a questão. Entendemos que a medida não só prestigia a democracia, como representa boa oportunidade para coleta de relevantes subsídios para a tomada de decisão sobre a matéria”, reforça o corregedor do Regional.

Segundo a juíza do Trabalho Eliane Cunha Martins Leite Brandão, a presença da sociedade dos municípios impactados pela possível retirada da Vara do Trabalho é essencial para garantir que a decisão reflita as reais necessidades da região. “A medida impacta o amplo acesso ao Judiciário Trabalhista por parte dos trabalhadores de Lábrea, Boca do Acre, Canutama, Pauini e Tapauá, ampliando a vulnerabilidade social na região do sul do Amazonas, que, devido à sua vasta extensão territorial e à distância da sede do TRT-11, exige um olhar mais atento e cuidadoso do Poder Público”, afirma a magistrada.

Acesse o edital de convocação da audiência pública.

O que: Audiência Pública para discutir proposta de transferência da Vara do Trabalho de Lábrea/AM para Rorainópolis/RR
Data: 10/11/2025
Hora: 15h
Local: auditório da Escola Estadual Santo Agostinho, Centro de Lábrea (atrás da Igreja Matriz)

Coordenadoria de Comunicação Social
Texto: Jonathan Ferreira
Arte: Banco de imagens

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