O Desembargador Alberto Bezerra de Melo falou sobre a Justiça Itinerante e outras prioridades do biênio
Natural de Manaus (AM), o Desembargador Alberto Bezerra de Melo construiu uma carreira marcada pelo compromisso com o Ensino, o Jornalismo e o Direito. Desde a infância no bairro de Educandos, na Zona Sul, até sua trajetória como Professor Universitário, Apresentador de TV, Procurador de Estado e Magistrado, sua história reflete a evolução de alguém que sempre se dedicou ao conhecimento e à Justiça.
Aos 64 anos completos vividos todos na capital amazonense, o novo Corregedor concluiu sua formação pedagógica, pelo Instituto de Educação do Amazonas (IEA). O curso de magistério pavimentou a base para que ele posteriormente viesse a atuar como professor de Ensino Superior, função que exerce há 36 anos.
Além de docente, foi bancário, radialista e apresentador de jornal com passagens em veículos como a Rádio Baré, TV Educativa (atual TV Encontro das Águas/Rede Brasil), TV Amazonas e a TV A Crítica por volta dos anos 1980. Nessa época, ingressou nos cursos de Administração e Direito na Ufam quase simultaneamente, concluindo ambos com sucesso.
Seu conhecimento no campo jurídico foi se aprofundando desde então. Atualmente, o corregedor é Doutor em direito Constitucional. Seu ingresso no Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (AM/RR) se deu pela vaga destina à Advocacia (quinto constitucional), no ano de 2023.
Agora, na função de Corregedor Regional do TRT-11, se prepara para os desafios de fiscalizar a regularidade dos serviços nas unidades do TRT-11 de primeira instância. A primeira correição ocorreu no dia 6/2, conforme o calendário da Corregedoria, enquanto que, a primeira itinerância começa em março.
Na entrevista a seguir, o magistrado destaca como deve atuar à frente da Corregedoria no biênio 2024/2026. Confira:
Como foi para ingressar na Justiça do Trabalho?
Corregedor: Eu comecei atuando na Justiça do Trabalho como preposto e logo após passei a advogar. Como Procurador de Estado ganhei ainda mais experiência nessa Justiça Especializada, até que ingressei na Magistratura pelo Quinto Constitucional.
E como foi esse processo para a vaga do Quinto Constitucional?
Corregedor: Eu já havia concorrido, há 10 anos, à vaga da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Eu era mais jovem. Quando essa vaga surgiu novamente, passei pela sabatina do Conselho Federal da OAB e fui votado pelos Conselheiros Federais para compor a lista sêxtupla. Após essa fase, fui escolhido pelos Colegas Desembargadores para estar na lista tríplice e, posteriormente, nomeado pelo Presidente da República.
Entrando na atuação da Corregedoria, gostaria de falar sobre o olhar qualificado para a questão da itinerância.
Como o senhor pretende articular essa prioridade?
Corregedor: Assumir a Corregedoria é um grande desafio para qualquer Desembargador, porque é uma área ampla e envolve muitas atividades. Nós temos 32 Varas, 19 em Manaus, 10 no interior do Estado do Amazonas e três em Boa Vista, Roraima. Ou seja, são muitas Varas do Trabalho para correição. Então, temos que ter uma boa equipe, bem estruturada. A atividade da Corregedoria envolve fiscalização, controle do desempenho e produtividade dos juízes. Precisamos saber se as varas estão cumprindo as suas atribuições. Tudo isso visando que a Justiça do Trabalho atenda às necessidades da sociedade.
Nessa linha, o que fizemos no início da gestão? O planejamento das ações da Corregedoria e assim já temos os calendários das itinerâncias e correições. Quanto à itinerância, vamos intensificá-la, seguindo as diretrizes do Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho, Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho. O objetivo da Corregedoria Regional do TRT-11, no que diz respeito à itinerância, é chegar às comunidades carentes, àquelas mais distantes da capital, para dizer que a nossa Justiça está de portas abertas para atendê-las.
Em relação às correições, o que o senhor pretende implantar nos trabalhos da Corregedoria?
Corregedor: De início, além da intensificação das correições, a minha meta é atuar especialmente buscando a prevenção. Ou seja, mais do que ficar cobrando maciçamente os magistrados, quero ser um instrumento de orientação para eles. Nosso trabalho precisa ser preventivo, educativo, para apontar ao juiz quais os problemas identificados e, por meio de nossa orientação, solucioná-los efetivamente.

Com relação à estruturação da Corregedoria, o senhor pensa em algum tipo de mudança, alguma coisa que o senhor vê que pode melhorar?
Corregedor: Um dos objetivos traçados para a Corregedoria neste ano é que haja uma correição integrada com os profissionais da área de engenharia do Tribunal. Então, a cada correição que realizaremos nos municípios do interior do Amazonas e em Boa Vista (RR), a engenharia fará uma análise da estrutura física da Vara. Assim, será possível fazer um laudo diagnóstico das partes hidráulica, elétrica, ambiental, etc. Esse laudo será encaminhado ao Presidente para adoção de medidas que solucionem as demandas detectadas.
Essa integração é importante, pois a nossa preocupação não se limita apenas à atuação dos magistrados, mas também à prestação do serviço aos jurisdicionados.
Estamos também desenvolvendo novas ferramentas para melhorar a produtividade dos juízes, alinhadas às metas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e da Corregedoria Nacional, além de melhorar a elaboração das atas de forma a ser mais eficiente. O uso de inteligência artificial está sendo estudado para facilitar o trabalho, capturando e centralizando os dados de forma automática, o que permitirá otimizar nossos processos.
Além disso, outro projeto inovador é a criação do Manual de Normas e Procedimentos da Corregedoria Regional, que será disponibilizado aos magistrados, servidores, advogados e cidadãos, e servirá como guia dos serviços da corregedoria.
A importância das correições vai além de uma simples análise interna. Queremos que o público externo participe, pois é esse público que mais impacta a avaliação do sistema. A correição não é voltada só para magistrados e servidores, mas também para garantir que a estrutura das varas e o sistema PJe, atendam às expectativas dos cidadãos. O feedback do público externo é fundamental para entender onde podemos melhorar e por isso, estamos sempre abertos às críticas e sugestões durante as correições.
O que gostaria de acrescentar?
Corregedor: Eu fico honrado com essa missão de, como Corregedor, alcançar essas metas, e me sinto feliz em poder utilizar a experiência profissional de uma vida inteira em benefício da Justiça do Trabalho.

Coordenadoria de Comunicação Social
Texto: Emerson Medina
Fotos: Renard Silva